Glúten - pró-inflamatório e estimulante negativo do sistema imune
O glúten trata-se da fração protéica de alguns cereais (trigo, centeio, cevada e malte), sendo composto por glutenina e gliadina. A aveia pode conter glúten, mas devido ao processo de fabricação, por contaminação.
O glúten pode gerar uma intolerância permanente em alguns pacientes - a doença celíaca, uma doença congênita, autoimune, associada a uma deficiência enzimática, responsável pela digestão do glúten. A doença leva à atrofia parcial ou total das microvilosidades intestinais, que resulta em diversas deficiências nutricionais (ferro, ácido fólico, vit B12, vit D, vit K e cálcio) e está relacionada à deficiência de lactase. Além de anemia, osteoporose, coagulopatias, retardo no crescimento, baixo peso e estado de desnutrição, o paciente apresenta mal estar, artrite, dermatites, esteatose hepática, sintomas neurológicos e síndromes psiquiátricas. A doença pode levar à infertilidade e aumentar o risco de aborto.
O celíaco não deve consumir alimentos, que contém glúten. Alimentos provenientes do trigo, centeio, cevada, malte e aveia. As pessoas não acometidas pela doença celíaca deveriam repensar esse consumo também, já que o glúten representa hoje um risco para a saúde de todos, no que diz respeito ao seu efeito pró-inflamatório e estimulante negativo do sistema imune. O glúten aumenta a permeabilidade intestinal, permitindo a passagem de substâncias indevidas, tóxicas, que aumentam a predisposição para várias doenças, principalmente, as autoimunes e alergias em geral.
A questão não é apenas isentar o celíaco do consumo de glúten, por causa de sua intolerância ao mesmo; nem somente deixar de ingerir com o objetivo de perder peso, já que restringindo o seu consumo, restringe-se consequentemente alimentos ricos em carboidratos. Ao restringir o consumo de glúten, reduz-se o acometimento por doenças, melhora-se o estado nutricional, recuperando-se a mucosa intestinal; e, consequentemente, a absorção de nutrientes.
Ao decidir sobre a restrição ao glúten, o paciente deve ser alertado, porém, que dependendo do tempo e resposta individual, o mesmo poderá tornar-se intolerante ao glúten, ou seja, se voltar a consumí-lo, apresentará as manifestações clínicas de um intolerante. Outra curiosidade é que hoje a quantidade de glúten encontrada no trigo pode chegar de 400 a 700 vezes mais do que era encontrado em décadas atrás.
A saída para uma proteção contra os danos do glúten seria deixar de consumí-lo; ou, pelo menos, reduzir o seu consumo, aliando ao aumento do consumo de fibras e à recolonização da microbiota intestinal, entre outras intervenções nutricionais.
Dra Jalhdelene C T Madeiros
Especialista em Nutrição Ortomolecular e Nutracêutica Clínica
Bioquímica, Citologista Clínica, Ozonioterapia e Estética
CRF-AL-566/ CRN6-31253